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Criei um espaço para brincar com o Cordel e a familia.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Cordel "AFRODITE E A GATA" baseado numa fábula de ESOPO.



















AFRODITE E A GATA

Afrodite tem beleza
Um perfil encantador
Na grega mitologia
É a deusa do amor.
Para Roma ela é Vênus
Com todo seu esplendor.


Gata é bicho doméstico
Que tem personalidade
De jeito quase humano
Pelos becos da cidade
Esopo mais uma vez
Uma fábula ele fez
Com sua a capacidade.


A gata se apaixonou
Por um rapaz educado
Pede então à Afrodite
De um modo delicado
Transformá-la em mulher
Pois tudo que ela quer
É casar com seu amado.


Afrodite sente a gata
Totalmente apaixonada
Realiza o seu desejo.
De forma inesperada.
Assim como em novela,
A gata vira donzela
Eita coisa complicada!


O rapaz vendo a jovem
Insinuante e bela
Revela louco desejo
De logo casar com ela.
Casaram-se de repente
A gata toda contente
Parecendo Cinderela.


A deusa desconfiada
Quis o feitiço testar
Colocou um camundongo,
Antes da noiva deitar
Na caminha do casal
Da suíte nupcial
E foi lá fora esperar.


Vendo um rato no seu leito
A criatura pulou
O instinto animal
Foi mais forte e aflorou.
Esquecendo o maridinho
Correu atrás do ratinho
Correu tanto que cansou.

A autora do feitiço
Indignada ficou
Desfazendo aquela mágica.
Refletindo assim pensou.
A tal muda de aparência
Mas não muda na essência
No gesto que praticou.

Rúbia de Espírito Santo / 20 de Abril de 2011
Oficina de Cordel

sábado, 28 de maio de 2011

Monteiro Lobato - Histórias de Tia Anastácia

Esta era uma das histórias marcantes que  minha mãe contava
e eu sempre pedia para contar de novo. Principalmente porque ela
cantava a parte do "capineiro do meu pai", versos que
Belchior colocou na primeira estofe da música AGUAPÉ.
http://youtu.be/4w14MG4Nz_o


Havia um viúvo com três filhas. Um dia resolveu casar-se de novo —
e casou com uma mulher muito má, que tinha ódio às meninas.
Fazia-as trabalhar como verdadeiras escravas.
No quintal havia uma grande figueira. Quando chegou o tempo dos figos,
a madrasta botou as meninas lá tomando conta para que os passarinhos
não bicassem os figos.
As três coitadinhas passavam debaixo da figueira o dia todo,
dizendo aos sanhaços que se aproximavam:


Xô, xô, passarinho,
aí não toques o biquinho.
Vai-te embora pro teu ninho…


Mas mesmo assim aparecia um ou outro figo bicado e a madrasta batia nas três.
Um dia em que o homem fez uma longa viagem a madrasta aproveitou-se para mandar enterrar vivas as coitadinhas. Quando o homem voltou e indagou das filhas, a peste respondeu que haviam caído doentes e morrido, apesar de todos os remédios.
O pobre pai ficou muito triste.
Mas aconteceu que no lugar onde as meninas tinham sido enterradas brotou logo
um lindo capinzal — dos cabelos delas, e quando batia o vento o capinzal murmurava:


   Xô, xô, passarinho,
   aí não toques o biquinho.
  Vai-te embora pro teu ninho…


Um tratador dos animais da casa, andando a cortar capim, ouviu aqueles murmúrios e
teve medo de mexer nas pontinhas. Foi contar o caso ao patrão.
O patrão não quis acreditar, e disse-lhe que cortasse o capim com murmúrio e tudo.
O homem obedeceu. Mas quando levantou a foice,
ouviu novamente a misteriosa voz, que dizia:


   Capineiro de meu pai,
   não me cortes os cabelos;
   minha mãe me penteou,
   minha madrasta me enterrou
   pelo figo da figueira
   que o passarinho bicou.


O tratador foi correndo contar o caso ao patrão, com um grande susto na cara.
E tanto fez que o obrigou a chegar até lá.
E então o pai das meninas ouviu o lamento das filhas enterradas.
Mandou buscar uma enxada e cavar, e retirou-as da terra,
vivas por milagre de Nossa Senhora, que era madrinha das três.
Quando voltaram para casa, na maior alegria deram com a madrasta estrebuchando.
Um castigo do céu tinha caído sobre a peste.


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quarta-feira, 18 de maio de 2011

A inveja. O burro selvagem e o domesticado.



A INVEJA DE UM BURRO

O burro foi um animal
Que os faraós usaram
Para levar suas riquezas
Por onde eles passaram
Naquelas terras distantes
De areias escaldantes
Grandes fardos levaram.

 Há dois mil anos atrás
A mula trouxe Maria
De Nazaré à Belém
Com firmeza e alegria
E quando Jesus nasceu
O burrico mereceu
Estar ali naquele dia.

O burrico teve até
Seu instante de glória
Carregou Jesus nas costas
E entrou para história.
Aquele domingo de ramos
Que ainda relembramos
Vivo em nossa memória.

Chegou a Jerusalém
Levando nosso Senhor
Com graça e humildade
Parecendo um andor
Enquanto Cristo passava
O povo todo vibrava
Com as palmas em louvor.

ESOPO há muito tempo
Uma fábula elaborou
Comparando um burrico
Que o dono domesticou
A outro asno selvagem
Que vivia de pastagem
E cabresto nunca usou.

O selvagem com inveja
Do asno domesticado
Nem via a dificuldade
No trabalho do coitado.
Não prestava atenção
Só pensava na ração
Com que era alimentado.

Mas observando melhor
Viu o outro carregar
Pesada carga no lombo
E seu patrão chicotear,
Sem pena, o pobre burro
Às vezes, lhe dando murro
Para melhor trabalhar.

Não tinha razão de ser
Sua cobiça infundada
Melhor sua liberdade
Que a vida aprisionada
Nunca inveje ninguém
Pois não sabemos se tem
Alto preço na jogada.

Rúbia do Espírito Santo
Dois de Maio de 2011.
Oficina de cordel.

domingo, 8 de maio de 2011

A Mãe da Gente


A Mãe da Gente
Pensei que a mãe da gente
Não fosse envelhecer
Queria que ela também
Não pudesse adoecer.
O tempo passa depressa
Da noite ao amanhecer.

As horas vão passando
Dia e noite, noite e dia
Vejo migalhas de luz
Que a mãe da gente irradia
A realidade se transforma
Parece um sonho! Magia!

Deus criou nossa mãe
Caprichou e deu de presente
Cada pessoa ganhou a sua
A minha não é diferente
Oxalá doesse em mim
Toda a dor que ela sente.

É tênue o diálogo
A mãe da gente se cala
Seu semblante é sereno
O azul dos olhos fala.
Usa a mão em um gesto
Nada vai importuná-la.

E agora o que vai ser?
Aconteceu sua viagem.
Sofro, mesmo sabendo
A Terra é uma passagem.
No céu deve estar agora
Com os anjos na paisagem.

Mãe da gente nunca morre
Em nosso frágil coração
É só procurar com carinho
Aonde fica a emoção
Vai encontrar tudo junto
Amor, carinho e devoção

Mãe da gente nunca morre
Em nosso meigo coração
Assim falou o poeta*
Meu amigo e meu irmão
Resgatei o seu verso
Porque tem toda razão

* Fernando Ferraz
Rúbia - Agosto e Setembro de 2009

*No Jardim do Céu*

Do outro lado da vida
Agora é só felicidade
Magali e "seu" Paulino
Vão matar a saudade.
Juntos no mesmo plano
O encontro já é realidade.

Pai e filha conviveram
No amor verdadeiro
Ela tanto o venerava.
Ele sempre companheiro.
Era como um remédio
Seu lençol e travesseiro.

Dona Rocilda tem agora
Mais uma filha à seu lado
Para trocar em miúdos
Todo o nosso passado.
Pode ser até que façam
Uma colcha de bordado

Maria, a outra irmã
Veio Magali encontrar.
João deixou a pintura
Para a mana abraçar.
Conhecendo as figuras,
Cafezinho vai rolar.

Nesse momento estão
Num jardim cheio de flores
De um jeito animado
Falando dos seus amores
Que ficaram por aqui
Controlando suas dores

A Marília e a Ceiça
Vão aos poucos dividir
A alegria ou o problema
Que no dia a dia surgir
A família aqui da terra
Não é fácil assumir.

Faço já um até breve
Nesse instante de emoção
Para pessoas queridas
De dentro do meu coração
Esperando encontrá-las
Numa outra dimensão...

Rúbia 7/09/2009


terça-feira, 3 de maio de 2011

de MACHADO DE ASSIS

MINHA MÃE

Quem foi que o berço me embalou na infância
entre as doçuras que do empíreo vêm?
e nos beijos de célica fragrância
velou meu sono puro? Minha mãe!
Se devo ter no peito uma lembrança,
é dela, que os meus sonhos de criança
dourou: é minha mãe!

Quem foi que ao entoar canções mimosas
cheia de um terno amor, - anjo do bem,
minha fronte infantil encheu de rosas
de mimosos sorrisos? Minha mãe!
Se dentro do meu peito macilento,
o fogo da saudade me arde, lento,
é dela: minha mãe!

Qual o anjo que as mãos me uniu outrora
e as rezas me ensinou que da alma vêm?
e a imagem me mostrou que o mundo adora,
e ensinou a adorá-la? Minha mãe!
Não devemos nós crer num puro riso
desse anjo gentil do paraíso
que chamou-se uma mãe?

Por ela rezarei eternamente,
que ela reza por mim no céu também;
nas santas rezas do meu peito ardente
repetirei um nome: minha mãe!
Se devem louros ter meus cantos d’alma,
ó! do povir eu trocaria a palma
para ter minha mãe!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Homenagem à Cora



Cora Cora Linda

A história da poetisa
Eu agora vou contar.
Ela nasceu em Goiás
Criança sem estudar,
Numa casa à beira rio
Logo passou a morar

Ana era seu nome,
Sempre alegre a falar
Só nos seus catorze anos
As letras foi desenhar
Vivendo de modo simples
Versos começou criar.

Viveu por longos anos
Longe da terra amada
Só quando ficou viúva
Com a prole já criada
Volta aos becos de Goiás
Doceira muito afamada.

Aos setenta e seis aninhos
De uma vida bem vivida.
Publicou o tal primeiro
Livro da sua dura vida
Escritora e confeiteira
No Brasil seria lida

Nem ela sonhou um dia
Ser poetisa de renome
Faz de Cora Coralina
Ser seu novo cognome.
Drummond foi o primeiro
A divulgar o seu nome

Ana Lins de Guimarães
Peixoto e Bretas também
Já com os cabelos brancos
Num constante vai e vem
Vende doces e poesias
Para ganhar seu vintém.

Começou a ser famosa
Na TV entrevistada
Sua voz inconfundível,
Sua pele encarquilhada
Enchia a todos de encanto
Eu? Fiquei maravilhada.

Ganhou o Juca Pato
Homenagem merecida
Parecia mais brincadeira
Ser bastante conhecida
Fiz assim este cordel
Pra minha Cora querida.


Rúbia do Espírito Santo
Fevereiro / 2009