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sexta-feira, 24 de junho de 2011

CANÇÃO DO EXÍLIO do Gonçalves Dias

Gonçalves Dias

Gonçalves Dias

Antônio Gonçalves Dias nasceu no dia 10 de agosto de 1823, nos arredores de Caxias, no Maranhão. Filho natural de português e mestiça.  Estudou Direito em Coimbra (1838). Durante o curso, escreve seus primeiros versos e participa do grupo de poetas medievistas que se reunia em torno do o Trovador. Formado em 1844, regressa ao Maranhão, e conhece Ana Amélia Ferreira do Vale, que lhe inspiraria mais tarde o poema "Ainda uma vez — adeus!".
Em 1846, muda-se para o Rio de Janeiro, onde se dedica ao magistério (professor de Latim e História do Brasil), ao jornalismo (redator da revista Guanabara) e à elaboração de sua obra poética, teatral e etnográfica e historiográfica, a última das quais relacionada com as várias missões que lhe são destinadas, aqui e no estrangeiro. Faleceu ao regressar de uma viagem à Europa, no naufrágio do "Ville de Boulogne", já próximo do Maranhão, a 3 de novembro de 1864. Escreveu: Primeiros Contos (1846), Leonor de Mendonça, teatro (1847), Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848), Últimos cantos (1851), Os timbiras (1857), Dicionário da Língua Tupi (1858), Obras Póstumas, . Primeiro poeta autenticamente brasileiro, na sensibilidade e na temática, e das mais altas vozes de nosso lirismo.

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

(Gonçalves Dias)